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  • juliaoliveirar

Por que separar-se do outro é tão difícil?

"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente."

Martha Medeiros



A separação de um parceiro amoroso não é feita sem sofrimento. Ela é vivenciada por cada pessoa de um modo singular, mas para todos envolve lidar com uma perda e com o consequente trabalho de luto.


O tempo da elaboração de um processo de separação é diferente para cada uma das partes envolvidas. Acontece, por vezes, que um dos parceiros está se separando do outro há algum tempo, e quando comunica o rompimento à outra parte, esse vem como uma grande surpresa. Já quando a decisão da separação é construída por ambos, o que vem depois da tomada de decisão pode ser muito diferente para cada um. Isso porque, realmente separar-se do outro será sempre um trabalho subjetivo, sem uma regra para quanto tempo cada pessoa leva para seguir em frente.


Este trabalho geralmente começa com uma busca de sentido, do porquê a separação ocorreu. Revisitar a história do casal e procurar sinais, momentos, silêncios, faz parte da construção de uma nova narrativa para o sujeito. Trata-se de ressignificar a relação, mas essa ressignificação, por si só, já implica no abandono de uma fantasia, da ideia que se tinha de si, do parceiro e do que foi construído.


Por isso, quando uma pessoa se separa, ela perde também uma parte de si. Aquela parte que investiu na relação, que tinha expectativas, que sonhou com um determinado futuro, que construiu algo ali e que agora, tem que deixar para trás. Muitas pessoas, relutam tanto em fazer um movimento de ruptura porque sentem que estão desistindo de algo em que colocaram muito esforço, tempo e comprometimento. Ademais, para além disso que se perde, o sujeito se vê diante do desconhecido. Não se sabe como será a vida sem o parceiro. Trata-se também de rearranjar a vida e a si mesmo.

Sim, a separação não é sem sofrimento, mas às vezes, é só diante de uma ruptura com o outro que o sujeito direciona o seu olhar para si. E nesse trabalho de descobrir-se de novo, rever-se sem o outro, uma nova percepção de si e da sua história podem surgir.


Deixar ir o que não tem mais espaço dentro de você, é deixar um espaço livre para si. Um espaço de construção de reinvenção.

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